sexta-feira, 12 de setembro de 2008

O estranho caso do cachorro morto - Mark Haddon.

Eu precisava postar sobre isso. Se mexeu comigo, e me fez repensar algumas “verdades” que eu possuía, eu me sinto na obrigação para com a humanidade de deixar minhas impressões sobre este livro.
Logo nas primeiras páginas eu me apaixonei por Christopher. Seu amor pelos animais, seus sentimentos pelo cachorro morto e seu entendimento sobre o mundo.

O garoto autista que pensa com lógica e precisão, não entende metáforas (como “morrer de rir”, “bateu as botas”, “saiu do armário”), não consegue expressar sentimentos e não gosta de ser tocado. Tem uma visão laica sobre as coisas que pertencem ou não ao universo (Deus, fadas), e fenômenos que aconteceram no mundo (Big Bang).
Sonha em ser astronauta, mas ele não sabe que sonha, ele cogita a possibilidade, pois ele pensa que não fantasia, mas a gente que lê sabe que seus devaneios são tão naturais... Um pensamento que puxa outro pensamento, que explica outro pensamento e vira o sonho de ser astronauta...
Ele diz que não conta mentiras, mas sabe omitir algumas verdades – ele chama essa prática de mentira branca – a verdade incompleta.

No livro, Christopher quer desvendar quem matou o cachorro da sra. Shears. Porque se fosse gente, muitas pessoas tentariam descobrir, mas como era só um cachorro, ninguém queria saber de desvendar tal mistério.
Ao contar este caso, ele vai contando sobre sua vida, sua família, fala a respeito das pessoas importantes, como sua professora e o Tobby, seu ratinho de estimação.

Este pequeno gênio escondido atrás de um garoto de 15 anos, vai nos ensinar matemática e física, como se ensina criança a brincar (como se a gente dominasse o assunto). Muito interessante. Ele tem uma mania de falar e se explicar, ou melhor, de falar explicando o porque das coisas. E lendo o livro, parece que eu peguei a mania dele.

Eu me envolvi na história do início ao fim. Inclusive chorei lendo o livro. Só não posso contar qual foi a hora que eu chorei, senão perde a graça... Você precisará ler pra entender!
Mas vou parar de falar do livro e falar de minhas impressões, porque eu não vou ganhar nem um centavo se alguém comprar o livro pela propaganda!
A primeira impressão que tive é que não sou tão forte quanto eu imaginei.
Eu sempre disse pra mim mesma: Se eu tiver um filho deficiênte, não haverá problema algum, pois eu saberia dar todo o amor necessário à ele. Mas se eu tiver um filho autista, acho que entro em pânico. Pelo simples fato de não poder tocá-lo. Dele não entender que nós as vezes temos a necessidade de tocá-lo, que os seres humanos são dependentes de afetos.
A segunda impressão que tive é que o mundo é grande demais para os meus pequenos braços. (droga!) eu comecei me apaixonando pelos surdos. Mesmo sabendo que existiam muitos cegos e mudos. Eu queria lidar com os surdos.
Entrei na faculdade de pedagogia, conversei com outras pessoas que sentem as dores dos deficiêntes, junto comigo, e vi que esta gama de pessoas, são maiores do que imaginei.
Aí eu passei a me compadecer de todas as deficiências, dos surdos, dos cegos, dos mudos, dos downs, dos autistas, dos deficientes físicos, dos willians, dos aspergers, dos múltiplos deficientes, e gostaria de haver um modo de trabalhar com todos eles, mas eu não posso! Droga! Eu queria poder! mas sei que se eu fizer isso não farei bem nenhum deles. Como diz o "velho deitado": "Quem muito quer, nada tem".
Por isso eu fico só com o meu querer. E claro com meu apelo, para que você, como eu, se compadeça também dos que não obtiveram a mesma "sorte"(?) que nós, por não lhe faltar ou sobrar alguma coisa...
Vamos nos interessar pelo outro (não pelo que não nos diz respeito), pelas coisas que podemos fazer para que este outro seja aceito por nós sem os pré-conceitos espalhados por este mundo.
O que podemos fazer para ajudar ele a se comunicar e ver o mundo o mais próximo possível do que você vê. Mostrar-lhes as possibilidades. Não privá-los dos prazeres da vida.
Respeitando seus limites, sem tratá-los como inferiores, e sim como alguém como nós. Que sente as mesmas coisas que sentimos, vivem no mesmo planeta que vivemos e tem as mesmas difuldades que temos. (neste caso, podemos pensar que eles são melhores do que nós por enfrentarem as mesmas dificuldades, e conseguirem passar por elas, ainda que lhe falte (ou sobre) alguma coisa.)
Bem...
como prometido eu vim postar sobre este livro maravilhoso! Deixei minha marquinha aqui. Faça a sua!
Beijinhos - especiais para meus irmão que estão partindo amanhã do Brasil, e vão se aventurar em outro país! Eu não poderei estar amanhã no aeroporto, mas estou todos os dias com vocês no meu coração. Amo vocês dois demais, pra sempre! Contem sempre comigo, eu não faltarei com vocês jamais!
Lisa

4 comentários:

Ramon Mineiro disse...

Que legal, Lisa...
entrou na minha lista de livros a serem lidos...
Agora to lendo "As crônicas de Artur" muito legal também!

beijos!

Verena Peres disse...

Lisa, não li o Post, passei só pra te avisar pra entrar nesse link:
http://bebe-da-ve.blogspot.com/

Anônimo disse...

Neguinha...eu sonho com um mundo que tenha palavras do Jorge Vercillo: quando a noite aparecer lembra q somos um com você, quando a noite aparecer lembra TODOS NÓS SOMOS UM!!
Amoceeeee
Obrigada pelo presente de niver tão bom!! S2

Unknown disse...

Esta em cartaz a peça Cachorro Morto
inspirada no livro de Mark Haddon
No teatro Imprensa na rua Jaceguai
São Paulo prox a Brig Luis antonio
Quintas e sextas as 21 horas até o fim de Maio

Todos convidados